OLDLAU E O MAJOR ALVEGA

Encontrámo-nos no Cairo. Eu vinha com a Fleet Air Arms de Londres e tinha aterrado na véspera no Cairo West airfield, após uma perigosa viagem tendo mesmo que aterrar após a travessia do Atlas Marroquino no Castel Benito, aérodromo de Tripoli, para reabastecimento e reparações. Tinha chegado, e antes de ir tentar "esfolar" os alemães por cima de Tripoli, instalara-me nos aquartelamentos do aeródromo provisóriamente. Tinham-me contado que no Cairo se vivia um ambiente deslumbrante e cosmopolita, alimentado pelos Ingleses e pela sua fleuma, e também pela despreocupação dos que poderiam morrer no amanhã, aproveitando a boa vida ao máximo, como tal tinha decidido mudar-me para um Hotel da cidade.Foi então que o vi com um sorriso de orelha a orelha aproximando-se de mim com o seu eterno "foulard" vermelho, e ai estava o famoso Major Jaime Eduardo de Cook e Alvega, abraçamo-nos efusivamente e antes que eu pudesse contar o que estava ali a fazer, desatou a contar a história da véspera. Estava hospedado no Hotel Luxor e desancava os alemães a bordo do seu Bristol 142M Blenheim, bombardeiro ligeiro que ele manejava como ninguem fazendo explodir os panzers a torto e a direito. Tinha feito uma extraodinária noitada com a sua Lady Lampson, filha de Sir Miles Lampson, o Governador, que conquistara com o seu incrivel "charme" , teriam percorrido alguns "cabarets" e casas de dança das "mil e uma noites", onde tinham bebido muito gin e se deslumbraram com fabulosos espétaculos de dança do ventre. Ficamos de nos ver e jantar pelo Cairo talvez em Luxor.

Despedimo-nos com um Português "até amanhã".