sábado, março 10, 2007

MARIALVA e a Dama dos Pés de Cabra












Só quando, à noite, no seu castelo, pôde considerar miudamente as formas nuas da airosa dama, notou que tinha os pés forcados como os de cabra. ...

sexta-feira, março 09, 2007

MULHER




As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de "haute couture"
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflicta e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além de carne: que se toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca húmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efémero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.


Receita de Mulher
Poema de Vinicius de Moraes

terça-feira, março 06, 2007

Casas do Coro





















Num fim de semana com amigos lá fomos ver as tradicionais amendoeiras em flor.
Agora com as excelentes acessibilidades é simples passear, ir almoçar a Trás os Montes, almoçar uma posta em Carviçais, ver a Feira de Foz Coa, e ao fim da tarde vir jantar ao tesouro Medieval que é a excelente aldeia de Marialva.
Ai tinhamos marcado jantar e dormida nas Casas do Coro..
São muitos os adjectivos necessários para descrever as pérolas de bom gosto que sáo estas casas compradas e mobiladas pouco a pouco pelo Paulo Romão (nosso antigo conhecido de outras andanças do todo terreno) e da sua mulher Carmen...
Assim á qualidade e arte de receber acrescentam o bom gosto e o desejo do "bem feito" a qualidade das decorações, bem intimistas, por vezes quase fazendo acreditar ao "hóspede" que está em casa....
Não esquecendo a excelente qualidade da cozinha com originais iguarias,(uma divinal sopa de castanhas entre outras) vinhos bem escolhidos, e um pequeno almoço de antologia...

Acrescente-se que toda esta qualidade foi recentemente premiada com uma importante nomeação internacional tal como consta do "Press release" da casa...do qual transcrevemos uma parte;

"As Casas do Côro em Marialva foram um dos quatro nomeados (conjuntamente com: La Bastide Saint-Mathieu, Cote d’Azur, France; Plêiades Luxurious Villas, Crête, Greece; Castel Pietraio, Tuscany, Italy), para a categoria “Most Excellent Guest House” da Europa nos Condénast Johansens “Awards for Excellence 2007”.

A cerimónia de atribuição dos “2007 Annual Awards for Excellence” que também celebrou o 25º Aniversário da Condénast Johansens, realizou-se no passado dia 6 de Novembro em Londres, começando com um Jantar de Gala, na Jumeirah Carlton Tower, Knightsbridge.

De referir que o “Condénast Johansens Awards for Excellence” é feito anualmente para premiar aqueles projectos em todo o mundo que representam os mais refinados standards e o melhor valor na relação qualidade preço, em luxuosos hotéis independentes."

Ver tambem Atmosphere Hotels!!!!!!muito importante.....