sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Homenagem á resistência... Afinal ainda há...

Hoje concluí a 8ª exposição do Hp5 com que carreguei pela 1ª vez a "Lamhoff 1 c/lente sem".

Deparei-me com a dificuldade da revelação e dirigi-me ao CC Girassolum, Estudio2000, onde costumava mandar revelar os 35mm (cores e pb mas todos c41). Perguntei o que fazer e informaram-me que havia um Sr em Stª Clara que ainda revelava as emulsões tradicionais (não C41).

Fica mesmo entre o Alfredo e o Pinto d'Ouro a pequena tabacaria do Sr Manuel P. Murta que para alem de revelar, para meu espanto, tem á venda rolos 35mm e 120 da Ilford, mas tambem (o que é notavel) os liquidos de revelação, fixação etc, do mesmo fabricante.

Não se esqueçam, afinal já não é necessário mandar (esperar e pagar) filmes para o Porto ou Lisboa para revelar nem é necessário encomenda-los pela internet.






domingo, fevereiro 22, 2009

MORREU O ZÉ




Não temos palavras, só lágrimas e tristeza, fechou-se um ciclo............


"Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

Vinicius de Morais


A vida de José Megre fica ligada ao todo-o-terreno, actividade em que foi uma referência em Portugal. Foi um dos primeiros portugueses a participar no rali Dakar, em que se estreou em 1982. Repetiria a participação em 83, 84 e 92. "Íamos muito pela viagem, pela descoberta de novos países". O gosto pelo todo-o-terreno e pelas viagens levou-o a fundar o Clube de Todo-o-Terreno (1982) e o Clube Aventura (1984).
"O Zé tinha qualidades excepcionais de trabalho, de interesse e entusiasmo pelas coisas. Era uma pessoa com quem nem sempre era fácil trabalhar, devido ao ritmo que tinha, porque não era fácil acompanhar a pedalada dele. Fez um trabalho fantástico pelo todo-o-terreno, introduzindo-o na vertente desportiva e de lazer, o que é reconhecido por toda a gente", disse ontem  Pedro Vilas Boas, co-fundador do Clube Aventura e um dos cinco portugueses que acompanharam Megre na primeira participação no Dakar.
A ligação de Megre ao desporto automóvel começou como piloto, tendo participado em corridas de velocidade e até em três provas do Mundial de ralis. Depois dedicou-se à preparação de carros de competições, foi até apresentador do programa sobre automóveis Ida e Volta na RTP1 e, acima de tudo, destacou-se na organização de eventos. Criou as mais conhecidas provas de todo-o-terreno em Portugal, desde a Baja Portalegre ao Rally Transibérico, passando pelo Raid Transportugal.
Nascido em Lisboa, a 26 de Março de 1942, José Megre estudou Engenharia Mecânica, com especialização em automóveis, em Londres, entre 1963 e 1996. Foi uma forma de o pai o afastar da guerra colonial, mas o jovem acabaria por se oferecer como voluntário, tendo cumprido serviço militar em Angola (1967/1970). No regresso, iniciou o seu percurso no Grupo Entreposto Comercial, em que, ao longo de 30 anos, trabalhou como director técnico, administrador e consultor.
O gosto pelas viagens teve o primeiro episódio aos 13 anos, quando foi à Galiza, num Peugeot 203, com os pais e os amigos. Foi o início de um percurso que está minuciosamente documentado no seu site oficial (www.josemegre.com). Percorreu quase três milhões de quilómetros (2.943.300) em 193 países, alguns sozinho, outros nas expedições que organizou a destinos tão diferentes como o Nepal, a Argentina ou o Níger.
Esteve em países de difícil acesso, como Birmânia (1980), Cambodja (1993), Coreia do Norte (2006) ou Afeganistão (2006), onde percorreu 2000 quilómetros ao volante de um Nissan Patrol GR, como é explicado no seu site. Já doente e em tratamentos, ainda teve forças, no ano passado para visitar a Guiné Equatorial, a Libéria e o Haiti. Faltava-lhe apenas o Iraque, onde já tinha tentado entrar, sem sucesso, através do Kuwait.
Agora iria tentar entrar pelo Curdistão, mas a doença não o deixou completar o mapa de viagens, das quais trouxe inúmeras recordações: "Era um coleccionador extraordinário. Tanto a casa de Lisboa, como a quinta [Penamacor] são autênticos museus de tudo o que se possa imaginar, desde mobiliário a livros e filmes", conta Pedro Vilas Boas, que vê o amigo que agora partiu como uma "referência". "Só espero que haja continuidade do trabalho que fez. Embora não seja fácil, porque ele era uma pessoa muito completa."
PUBLICO

http://www.josemegre.com/